28.3.12

"Escrevo aqui no presente para que no futuro seus olhos possam lembrar de mim, quando sua mente me esquecer" Bob Marley

- possibilidades, expectativas, planos

Sinceramente, a qualquer resquício de possibilidade já me passam planos pela mente; é como se tudo fosse se solidificando antecipadamente aqui, na minha cabeça. E quando eu tenho tudo já muito bem estruturado, as expectativas adormecem, surgem novas possibilidades.
Então sinto-me perdida, com meus antigos planos congelados, me vejo no dever de criar outras expectativas; que abrangem outras possibilidades e concretizam novos planos.
Pode-se dizer, assim, que essas são as três palavras que me movem, atormentam e motivam concomitantemente. 

23.3.12

- Tempo livre

A questão do tempo livre - o que as pessoas fazem com ele, que chances eventualmente oferece o seu desenvolvimento - não pode ser formulada em generalidade abstrata. A expressão, de origem recente - aliás, antes se dizia ócio, e este era um privilégio de uma vida folgada e, portanto, algo qualitativamente distinto e muito mais grato - opõe-se a outra: à de tempo não-livre, aquele que é preenchido pelo trabalho e, poderíamos acrescentar, na verdade, determinado de fora.

O tempo livre é acorrentado ao seu oposto. Essa oposição, a relação em que ela se apresenta, imprime-lhe traços essenciais. Além do mais, muito mais fundamentalmente, o tempo livre dependerá da situação geral da sociedade. Mas esta, agora como antes, mantém as pessoas sob um fascínio. Decerto, não se pode traçar uma divisão tão simples entre as pessoas em si e seus papéis sociais. (...) Em uma época de integração social sem precedentes, fica tão difícil estabelecer, de forma geral, o que resta nas pessoas, além do determinado pelas funções. Isso pesa muito sobre a questão do tempo livre. Mesmo onde o encantamento se atenua e as pessoas estão ao menos subjetivamente convictas de que agem por vontade própria, isso ainda significa que essa vontade é modelada por aquilo de que desejam estar livres fora do horário de trabalho.

A indagação adequada ao fenômeno do tempo livre seria, hoje, esta : "Com o aumento da produtividade no trabalho, mas persistindo as condições de não-liberdade, isto é, sob relações de produção em que as pessoas nascem inseridas e que, hoje como antes, lhes prescrevem as regras de sua existência, o que ocorre com o tempo livre?" (...) Se se cuidasse de responder à questão sem asserções ideológicas, tornar-se-ia imperiosa a suspeita de que o tempo livre tende em direção contrária à de seu próprio conceito, tornando-se paródia deste. Nele se prolonga a não-liberdade, tão desconhecida da maioria das pessoas não-livres como a sua não-liberdade em si mesma. Podemos esclarecer isso de maneira simples por meio da ideologia do hobby. Na naturalidade da pergunta sobre qual hobby se tem, está subentendido que se deve ter um, provavelmente também já escolhido de acordo com a oferta do negócio do tempo livre. Liberdade organizada é coercitiva: "Ai de ti se não tens um hobby, se não tens ocupação para o tempo livre! Então tu és um pretensioso ou antiquado, um bicho raro, e cais em ridículo perante a sociedade a qual te impinge o que deve ser o teu tempo livre." Tal coação não é, de nenhum modo, somente exterior. Ela se liga às necessidades das pessoas sob um sistema funcional. No camping - no antigo movimento juvenil, gostava-se de acampar - havia protesto contra o tédio e o convencionalismo burguês. O que os jovens queriam era sair, no duplo sentido da palavra. Passar a noite a céu aberto equivalia a escapar da casa, da família. Essa necessidade, depois da morte do movimento juvenil, foi aproveitada e institucionalizada pela indústria do camping. Ela não poderia obrigar as pessoas a comprar barracas e motor homes, além de inúmeros utensílios auxiliares, se algo nas pessoas não ansiasse por isso; mas a própria necessidade de liberdade é funcionalizada e reproduzida pelo comércio; o que elas querem lhes é, mais uma vez, imposto. Por isso, a integração do tempo livre é alcançada sem maiores dificuldades; as pessoas não percebem o quanto não são livres lá onde mais livres se sentem, porque a regra de tal ausência de liberdade lhes foi abstraída.

T. W. Adorno. Palavras e sinais, modelos críticos 2. Maria Helena Ruschel (Trad.) Petrópolis: Vozes, 1995, p. 70-82 (com adaptações).

15.3.12

- necessidades

Segundo Maslow, a estrutura conceitual da motivação humana foi determinada a partir da elaboração da teoria da hierarquia das necessidades básicas em 1954. Com base nesta teoria, o ser humano traz dentro de si cinco categorias hierarquizadas de necessidades: necessidades fisiológicas, segurança, amor, estima e auto-realização. 



E você, qual a sua necessidade mais urgente hoje?

-

Mais umas imagens e palavras que me impedem de terminar o dia. Lembro que aquelas palavras espontâneas que tive ainda a pouco sumiram. Isso acontece sempre; levanto-me em disparada na vontade de compartilhar minhas traduções de pensamento, mas basta aprontar-me a digitar que as palavras vão-se embora.
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Posso tentar lembrar aos poucos: pensava em mim menina, quando guardava meus medos e receios de tantas coisas; aquela quietude de sempre. Então vieram as definições de prioridade, palavra que me assombra todos os dias, todos os telefonemas e torpedos.
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Prioridade
meu desejo era que tudo que não a fosse, entrasse num congelador, para que quando eu a tivesse conquistado, retomasse tudo de volta.
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Agora entro num novo "projeto", minha vida é assim, elaboro mil objetivos que me tomem anos ou a vida inteira. Mas lembrem-se: são apenas projetos.
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O que de fato eu pensava era algo gozado, como se minha mente amadurecesse três vezes mais rápido do que o corpo e dez vezes mais que o rosto (no qual ainda me dão quinze!).

4.3.12


"Não que a vida 
Esteja assim tão boa
Mas um sorriso ajuda a melhorar"

3.3.12

- chuva de verão

Queria tanto que a cura pra tudo isso fosse um remédio ou uma injeção.. queria de volta aquela sensação que já tive por duas vezes, e que serão inesquecíveis.
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Gostaria ainda de passar uma estadia naquela redoma de vidro a qual permaneci por uns tempos. Pelo menos, até reconstruir meu orgulho.
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Ouço a chuva lá fora e só penso em dar um "mergulho", queria mesmo é que ela carregasse todos esses maus sentimentos que me tomam.
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Sei que ainda estou jovem, mas sei também que a confiança que temos em nós mesmos é fundamental para que possamos seguir adiante. E a cada "não" que se recebe, é como se essa confiança fosse destroçada, e deixasse meu coração em pedaços.
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O complicado é encontrar coragem para receber uma outra resposta negativa, mesmo que a primeira nos possa fazer retomar a auto-confiança.
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E por tudo isso, percebi algo que destrói tanto meu coração quanto a mente. 

- rascunho

É aí que eu percebo; são mais um daqueles paradoxos intermináveis.
Ao mesmo tempo em que tenho verdadeira paixão à dificuldade, posso demonstrar-me arrasada ao decepcionar-me comigo mesma.
O desafio de alcançar algo tão longínquo me mantém motivada, mas ainda assim, certos quesitos são meu ponto fraco exato.
Posso ser tão inabalável quanto sensível. O difícil mesmo é levantar quando se quebram seus alicerces, quando é atingido seu "calcanhar". Um rompante louco me dá, uma overdose excitante de adrenalina; que é congelada por toneladas de repressões.
A repressão pior é a minha, sou sua eterna vítima. Quem sabe eu possa aprender a lhe dar com ela, a lhe dar comigo.
Fim. Já me livrei do que me atormentava... vou dormir em paz.

- fotografia

Quando a cabeça tranforma-se num turbilhão de pensamentos.. e então, não queremos mais nada, além de fugir daqui.
Assim, existe um lugar que nos faz o mal extremo, aquele lugar que deveria acolher e resguardar é nosso pior inimigo, depois de nós mesmos.
Pior ainda quando você procura ao lado, e percebe que todos os poucos laços que você cultivou ao longo da vida estão sendo destruídos, sucessivamente; em sua maioria por você mesmo, baseado atitudes propositais ou não.
É aí que você se depara na ausência de qualquer significado seu. Você quer correr, fugir de tudo e de todos, simplesmente porque alguns te fazem mal.
Então, você procura as pessoas das fotografias, e percebe que elas não estão mais lá, assim como os laços e as promessas.
Sim, você está sozinho, sua individualidade é incompatível com a dificuldade de lhe dar das outras pessoas.

2.3.12

"Guardar", de António Cícero

Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la poradmirá-la, isto é, iluminá-la ou ser
por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília
porela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,isto é,
estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o vôo de um pássaro
Do que um pássaro sem vôos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.

- Bon soir

Bem, o fato é que ainda pouco iria dormir. Então lembrei-me do quanto está cedo e, ainda de livrar minha mente dos pensamentos densos que a constituem; só assim, finalmente, irei dormir com os anjos.

Realmente, os pensamentos que me assolam condizem com minha insegurança. O fato de buscar uma realização apenas quando as outras já tiverem sido alcançadas.

Em meio a momentos levemente angustiantes, pude perceber que o receio de priorizar algo que não merece o ser - não no momento - estaria me martirizando.

A solução pra isso? Bem, é a questão dos setores, lembram-se? De fato, não darei uma solução, até porque não a tenho, mas com certeza seguirei dando prioridade àquilo que me traga os sonhos mais urgentes. Enquanto ao resto? isso pode esperar.