10.9.11

- metades (3)

Porque existem momentos em que a minha metamorfose torna-se evidente. Sinto então, tanto saudades como alívio.

Aquela amostra de quem eu fui um dia, certamente ainda mora aqui; não ativamente, mas permanece adormecida. Verdade? Não sinto qualquer desejo de reviver quem eu fui um dia; gosto em quem me transformei. Posso não saber me aceitar vez ou outra, mas entendo-me sempre.

Não sei se entendia-me antes, de fato; lapsos de memória me dizem que não. Talvez por isso existam certas neblinas em minhas lembranças; prova real de uma memória seletiva, capaz de selecionar tanto em coisas positivas quanto negativas, apenas o que é explicável.

"Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei..."


8.9.11

- metades (2)

Porque meus olhos e meus ouvidos abafam minha fala.

Como se tudo o que iria ser dito, passasse diretamente para os meus pensamentos, e lá permanecessem. Onde estes foram criados, seriam também enterrados; como se nunca tivessem conhecido o exterior.
Eu os fabrico, e os isolo; morrem comigo sem nunca ao menos os ter compartilhado.
Meu senso me faz assim, é comandado pela consciência e me faz calar mesmo em plena excitação verbal.
"como se nunca tivesse conhecido o exterior.".. "como.." Ele está aqui, comigo, porque fora instalado pelo exterior; o meio em relação a mim, o meio em relação a alguns, eu mesma em relação a outros mais.

"Porque metade de mim é o que eu ouço
Mas a outra metade é o que calo..."

7.9.11

- metades

Porque a minha essência vai contra a minha personalidade; me mantendo num eterno paradoxo.
Em relação a preferência? ela não existe.
De fato, sei que a segunda me oferta a culpa, a insegurança, a responsabilidade. Enquanto a primeira me faz plena, feliz.
Sem ambas coexistindo, eu certamente não teria nenhum resquício de certeza do que sou. Elas me equilibram, vivem numa total sintonia.
O meu humor é dependente desse "cabo de guerra", de onde finaliza-se uma, e inicia-se a outra; quando uma delas chega ao seu extremo, o resultado tanto pode ser contido, como não.


"Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão..."